2009/02/23

O JUJUTSU

Breve História do JuJutsu

Levado à letra, Jujutsu significa a arte da flexibilidade, adaptabilidade.'Ju' significa gentil, flexível, adaptável, 'jutsu' significa arte.
Uma definição possível será designar o Jujutsu como a arte da adaptação flexível. No Jujutsu, o estudante vê-se na necessidade de ceder ou fluir com o ataque, ao mesmo tempo que pode oferecer resistência momentânea de forma a quebrar o equilíbrio do atacante, numa sensibilidade para estes pormenores só atingida por anos de treino. O verdadeiro Jujutsu é o que consegue o máximo efeito com o mínimo de esforço.

Ao contrário das outras artes marciais, o Jujutsu não tem uma fácil observação ao longo da História, se procurarmos por uma visão organizada, estruturada. Apesar de o Jujutsu ser um dos mais antigos sistemas marciais em forma de arte, as suas ramificações, a sua longevidade, apesar de registadas fidedignamente em documentos históricos inquestionáveis, não deixa de ser muito difícil rastrear uma visão de conjunto porque se espraia pela História e pela prolífera variação de estilos, escolas, filosofias, de uma forma impressionante, que qualquer tentativa de unificação e definição peca sempre por escassa. Não que não seja possível, mas porque será sempre aquém do que se passou na realidade, até porque muito se perdeu na noite dos tempos.É fácil remontar às origens de uma arte marcial, quando ela provém de uma simples fonte. No caso do Jujutsu, por causa da sua longevidade, do seu carácter seminal, o próprio Jujutsu é a fonte, que por sua vez tem a montante outras formas, outras fontes, para sempre perdidas, por não estarem documentadas.

O Jujutsu é a arte marcial nuclear mais antiga, documentada.Temos testemunhos da sua existência que remontam até 2500 anos atrás. Indicadores apontam para que no início, o Jujutsu foi desenvolvido pelas classes baixas da população que se via envolvida na guerra, e que sem meios para comprar armas e armaduras teve de desenvolver um corpo de técnicas eficientes que possibilitasse a manutenção da vida. Pouco depois o Jujutsu mercê da sua eficácia e também da interdição de um nobre ou superior desembainhar a katana para lutar com um subordinado da classe mais baixa, espalhou-se por todas as classes sociais, mas desde o início que está associado ao combate desarmado dos mais pobres, sem no entanto deixar de incorporar o combate com armas. Apesar de ser a arte do Samurai, encontramos antes de 750 A.C. registos de combate corpo a corpo marcial. Apesar de raramente o Samurai se encontrar desarmado, praticava a luta desarmada, e isto apesar de o Jujutsu também incorporar treino de armas. Está historicamente assente que o Jujutsu precede a instituição Samurai. Vários estudiosos apresentam estudos que traçam a origem do combate desarmado no Japão, fora do Japão. Seja a noção de que descende da antiga luta 'pancrácio' praticada na cultura grega das viagens de Alexandre, depois misturada com os sistemas indianos, levada para Shaolin nas viagens dos monges, seja a noção de que o Jujutsu é descendente de estilos de luta desarmada da China, como por exemplo o Shorinji Kenpo ( kempo na China). Outros estudos indicam o Jujutsu como descendente dos estilos de luta livre autóctones do Japão. Seja qual for a origem, o Jujutsu mercê da sua eficácia torna-se a arte de elite eleita pelos samurais, na instituição da ordem e pacificação do Japão.

A idade média japonesa vê florescer o Jujutsu, não apenas a um nível técnico onde as escolas – ryu – se multiplicam exponencialmente, mas acima de tudo, a um nível filosófico, com especial ênfase na componente ética e metafísica, por causa da idiossincrasia religiosa do povo do Sol Nascente.Assim o Jujutsu é a esteira nuclear do Bushido, a via do guerreiro, e do Budo, a via marcial.Apesar da brutalidade de algumas das suas técnicas, o Jujutsu actual foi modelado na era Edo (1603-1868) na medida em que a estratégia de guerra muda diminuindo a necessidade de exércitos com grande número de infantaria, e também porque ao ser proibido o duelo até à morte em tempo de paz, a dureza e violência das técnicas diminui também, começando-se desenvolver capacidade de controlar ou desabilitar o adversário utilizando métodos não violentos.O Jujutsu é uma arte seminal, significando isto que é uma arte de onde outras derivam. Temos o caso do Judo, Aikido e Karate-do.

Temos também o caso do Jiujitsu brasileiro que é descendente directo do Judo, e que cobre pequena parte de todo o programa técnico do Jujutsu tradicional japonês, e que foi introduzido no Brasil por um mestre Japonês de nome Mitsuyo Maeda em 1917. Desde aí foi desenvolvido e tornado popular através dos combates de vale tudo, e ganha a notoriedade que lhe reconhecemos mediaticamente hoje. Estas artes germinaram, fundamentalmente devido a três factores :
A modernização do Japão e a consequente ocidentalização das instituições torna obsoleto o treino marcial e com ele a instituição Samurai, a arte marcial transforma-se em desporto;
A complexidade do Jujutsu, fez proliferar uma miríade de escolas ou estilos–ryu-, e no entanto, não permitiu uma sistematização ou corpo doutrinário e técnico, que só foi estabelecido com o desmembrar em várias artes ou 'do';

Antes da modernização nipónica, o Jujutsu começa a ganhar má fama devido aos praticantes e escolas envolverem-se frequentemente em combates e acções violentas, decorrentes da adesão ao Jujutsu por causa da sua eficácia, e pondo de lado a sua importante vertente filosófica, ética.
O que leva o Imperador a assentar o Judo como arte de eleição e a 'expulsar' todos os mestres de Jujutsu tradicional, que do Japão se fixaram em outros países.O Jujutsu ganha má fama, porque por um lado é visto como a arte anacrónica dos samurais, por outro porque o perder de importância desta instituição faz com que as escolas tenham de se abrir a todo o tipo de pessoas, e muitas delas sem as melhores intenções, e assim decai na altura o Jujutsu para uma arte de arruaceiros, violenta, e prestes a extinguir-se, não fosse o caso de ter surgido Jigoro Kano.

O Jujutsu na sua mais pura forma, não é nem pode ser um desporto. Na sua mais pura forma física é violência cirúrgica. No entanto quer a sua filosofia, quer a sua metodologia de treino reduzem as lesões ao máximo, tornando-o uma das mais seguras disciplinas de combate marcial devido ao respeito pelo parceiro de treino. Até aos anos 50 do século passado, o Jujutsu era a arte escolhida para forças policiais e militares de todo o mundo. O 'aparecimento' de outras disciplinas e a força de 'marketing' das mesmas, fez com que se tenham tomado outras escolhas, sempre sob a designação de 'mais modernas e eficazes'. O Jujutsu é então uma arte marcial japonesa que utiliza golpes nas articulações, como torções de braço, tornozelo e estrangulamentos, para imobilizar o oponente incluindo também quedas, golpes traumáticos e defesas pessoais, como saídas de gravata, esquivas, projecções, treino de armas tradicionais japonesas, etc. , onde tem como filosofia a máxima eficácia, seja na adaptação ao ataque, seja na utilização mínima possível da força para obter o melhor resultado, seja este o dano, a distracção ou dominação. É uma arte marcial muito completa e muito simples, e é aí que reside sua complexidade. O Jujutsu não é um desporto, como o Judo ou a luta livre, e a sua metodologia de treino está vocacionada para a defesa pessoal. Existem competições de Jujutsu, recentes, e viradas para o espectáculo, mas que nada terão a ver com o Jujutsu clássico e tradicional.


Graças ao seu carácter tradicionalista, esta arte traça uma ligação nítida ao país de origem, pelo que estudar Jujutsu implica aprender também sobre o Japão, sua cultura, História e tradições. Esteticamente, e simplificando em demasia, podemos ver no Jujutsu as projecções do Judo, movimentação e estratégia de movimento do Aikido, e o golpear do Karate. Com isto não estamos a dizer que a combinação destas disciplinas forma o Jujutsu. Não só foram concebidas como corpo autónomo, como ganharam lugar próprio nas artes marciais e desporto, mercê de desenvolvimento técnico e doutrinário independente e igualmente 'válido'.No entanto, o Jujutsu não deixa de ser a raiz destas respeitáveis artes, complementos (tal como o Jujutsu) e nunca derivações do verdadeiro espírito do Budo.

A Federação Portuguesa de Jujutsu e Disciplinas Associadas, tem mantido esta tradição viva, seja através da acção de apoio à formação, seja da representação que faz da modalidade, a nível nacional e a nível internacional.

Disciplinas associadasTerapêuticas:

Shiatsu – É uma técnica de massagem japonesa, de origem chinesa, que trabalha com pressão dos dedos os meridianos energéticos do corpo humano.


Seitai – É uma antiga técnica japonesa de manipulação da coluna vertebral e demais articulações.


Kuatsu – Arte japonesa da reanimação;
Marciais:

Kobudo – Caminho, via marcial antiga, que se caracteriza pelo estudo de armas antigas e não convencionais (Nunchakus, etc.)

Kobujutsu – Arte antecessora do Kobudo, oriunda da província de Okinawa, elaborada pelos camponeses autóctones.

Taijutsu – Antigamente era sinónimo de Jujutsu, mais recentemente introduzido em França por Roland Hernaez, que se cinde em Taijutsu e Nihon Taijutsu, sem no entanto se criarem alterações tão acentuadas que neguem o carácter do Jujutsu tradicional.

Actualmente o nosso núcleo de Nihon Taijutsu, único em Portugal, encontra-se em funcionamento no dojo de Matosinhos.
Em Portugal a introdução das artes marciais japonesas em Portugal começa na mais antiga Associação de artes marciais do país, a União Portuguesa de Budo, fundada pelo Mestre António Hilmar Schalck Corrêa Pereira, (iniciado no Jujutsu na década de 30 em Berlim), no entanto anteriores tentativas por Mestres japoneses (Hirano e Raku) de Jujutsu ocorreram, mas de forma esporádica. Apesar de ser praticante de Jujutsu, o Mestre Corrêa Pereira é responsável pela introdução em Portugal do Karaté e do Judo. Aluno, estudante na União Portuguesa de Budo, praticante há mais de 30 anos, o Mestre Luís Fernando, 7º Dan de Jujutsu, Mestre de Judo, Instrutor do Corpo de Intervenção da PSP, é o mais graduado Mestre de Jujutsu em Portugal, e um dos mais antigos praticantes, e muito tem feito pela preservação e projecção desta arte milenar. Nomeadamente mais de 30 anos de ensino, promoção de estágios internacionais e criação da Federação Portuguesa de Jujutsu e Disciplinas Associadas.

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TAKÊ DOJO

O TAKÊ Dojo é um «Clube de Praticantes» reconhecido pelo Instituto do Desporto de Portugal I.P. e aí inscrito desde 31 de Março de 2008.

A sua via de Aikido é a do tradicional Iwama Ryu criado por Morihiro Saito segundo o ensinamento directo de O’Sensei Ueshiba, estando inscrito na AIR Academia de Aikido Iwama Ryu Portugal, e sendo o representante de Daniel Toutain Sensei e da Iwama Ryu International Academy em Portugal. O Kyusho Jitsu é integrado na Kyusho International de Evan Pantazi, encontrando-se inscrito na Federação Portuguesa de Jujutsu e Disciplinas Associadas no seio da qual também é treinado o Jujutsu e Aikijujutsu de Minoru Mochizuki. O Tai Chi Chuan é conduzido por uma aluna directa de Dr. Yang Jwing-Ming e Pascal Plée.


MEMBRO DA K.I.

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de EVAN PANTAZI

A QUINTA ZEN

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A QUINTA ZEN tem 10 hectares, situa-se apenas a 2 Km do centro histórico da cidade de Évora (Património Mundial da UNESCO), onde está situado o TAKÊ Dojo. As instalações, a piscina e toda a natureza envolvente, formam no seu conjunto um centro de artes marciais, onde se pratica Aikido, Kyusho, Ju Jutsu, Taijiquan e Meditação Zen.